O teatro do Sesc esteve lotado nas três noites de apresentação do espetáculo “Semeai e Colhei”, da Cia. de Teatro do Outro Mundo. A temporada de estreia foi realizada neste fim de semana, com entrada franca, e contou com o apoio da Fundação Cultural de Lages (FCL) e Serviço Social do Comércio (Sesc). Na última noite, os assentos do teatro não foram suficientes para a demanda que se deslocou para assistir à peça. No final da encenação, os aplausos em pé evidenciaram a sensação de missão cumprida da equipe que compõe a Cia., todos voluntários.
Esta foi a primeira vez que o grupo, genuinamente lageano e composto por atores amadores, subiu em um palco para dramatizar uma peça. O autor do texto e produtor do espetáculo, Edson Marcondes, trabalha com a Doutrina Espírita há quase 20 anos. A peça foi escrita em 2009 e o grupo ensaia há pouco mais de um ano. “Quando eu decidi fazer arte, e nisso inclui-se o teatro, tomei a decisão de que criaria enredos que tivessem esta temática, mas acima de tudo o que é apresentado faz parte da cultura e dramatização”, comenta.
Sua escolha pelo tema obsessão se deu por tratar-se de algo que, segundo ele, quase sempre passa despercebido. “São ideias que nos vêm, mas assim como nós influenciamos pessoas do nosso trabalho e no dia a dia, também existem aqueles no plano espiritual que nos repassam mensagens, podendo suas ideias ser boas ou más. Um dos objetivos é, por meio da arte, alertar as pessoas para estas situações”, reflete. A Cia. programa mais duas apresentações de Semeai e Colhei para este ano. A próxima, possivelmente, no teatro Marajoara, com o apoio da FCL.
Meses de ensaio
O elenco conta ainda com Leandro de Moraes, Marcela Balastrin e Amanda Pereira. O figurino é da consultora de moda Graziela Cantelli e a direção é do escritor Bruno Fortkamp. “Acredito que conseguimos passar nossa mensagem. Foi um grande desafio pessoal, porque em outras oportunidades atuei em comédia e agora com o drama a situação é muito diferente, além disso, a Ana é uma personagem serena e calma, bem ao contrário da minha personalidade”, conta Marcela, informando que para compor a personagem inspirou-se em livros espíritas e filmes como Nosso Lar.
Amanda Pereira diz que procurou driblar o “friozinho” na barriga depois que as cortinas se abriam e o diretor Bruno Fortkamp comemorou o desempenho dos atores. “Todos foram muito bem, e isso é reflexo dos vários meses de ensaio e o talento que mostraram ter”, diz.
Figurino inspirado no século XVII
A consultora de moda Graziela Cantelli pesquisou o que era usado no século XVII, na época da Inquisição, para produzir a roupa usada pela personagem Arthur, o espírito obsessor, interpretado por Edson. “Estudei bastante o texto e suas nuances, principalmente para a troca de figurino. Tentei demonstrar uma passagem de tempo através da troca de estação e a característica de cada personagem. Ana e sua imagem sublime e Arthur como o espírito obsessor. Ele teve uma indumentária mais trabalhada, desde a roupa até o sapato, que foi mandado fazer especialmente para a personagem”, conta.
Amanda Pereira, que interpreta a dona de casa Helena, e Leandro de Moraes, como seu esposo Hugo, atuou com roupas contemporâneas. “Helena, que é doente, tem com cores mais sóbrias e roupas despojadas por estar em casa. São detalhes que fazem a diferença”, diz.
Trilha sonora evidencia a emoção
Leandro de Moraes sempre teve seu projeto musical com composições próprias e, por coincidência, aborda questões espíritas em suas letras e nas melodias, com ideias reflexivas. “Quando entrei para o grupo visualizei uma grande possibilidade de mostrar meu trabalho. Contribuí com três músicas, que fazem parte da trilha. Elas se encaixaram perfeitamente no propósito da peça, que busca evidenciar a emoção. Tenho essa preferência por composições soturnas e melancólicas”, conta.
