As sementes plantadas há três anos estão sendo colhidas agora no maior município da Serra. Lages, a oitava economia do Estado, foi a que mais cresceu em Santa Catarina no ano passado. E o município projeta as cifras milionárias que irão alavancar o seu desenvolvimento nos próximos anos, levando à ascensão outras cidades da Serra por conta dos investimentos empresariais no eixo-polo da região. Em 2015, em equiparação com as nove maiores economias do Estado, Lages foi apontada como a de melhor desempenho, apresentando incremento de 3,4% em crescimento, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Fazenda.
Essa notícia significa que haverá um aporte de R$ 2,6 milhões na receita de Lages a ser repassado através do retorno de impostos pelo Estado em 2017. O movimento econômico (valor agregado) é o que determina o percentual de retorno de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), através do Índice de Participação dos Municípios (IPM). A Secretaria de Estado da Fazenda publicou nesta terça-feira (7) o IPM na arrecadação do ICMS 2015, cujo repasse será feito durante o ano de 2017. O IPM de Lages recebido em 2016 foi de índice 1,88 e este a ser aportado em 2017 é de 1,94.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda, Juliano Chiodelli, salienta que o contingente de 3,4% de crescimento demonstra o potencial econômico em que Lages está se tornando mesmo num momento em que praticamente todo o país vive um cenário de crise. “Percebemos que as principais cidades do Estado sofreram impactos negativos e algumas até tiveram seus níveis de investimento rebaixados. Lages se destacou principalmente pelo fato de estar à frente das principais cidades-polos do Estado. O que me deixa ainda mais satisfeito é saber que o trabalhão realizado pela administração pública e a ousadia da classe empresarial estão escrevendo o futuro de Lages”, salienta.
Juliano lembra que os números de hoje mostram o que foi feito nos últimos anos, contudo, mais de R$ 400 milhões em investimentos estão em fase de implantação em Lages através de 23 empreendimentos locais de negócios multissetoriais (madeira, materiais sustentáveis, alimentos, tecnologia e inovação), em ampliação de sua capacidade produtiva e em instalação, refletindo em cinco mil novos postos de trabalho e que terá reflexo em novos índices de movimento econômico no futuro.
Para comparar, em três anos, de 2013 a 2015, os investimentos empresariais somam cerca de R$ 390 milhões. “O panorama que está sendo desenhado no município nos faz compreender de forma clara o preparo para o progresso a ser vivenciado em breve. O poder público municipal tem sido protagonista, pois cabe à administração atrair, prospectar e estar ao lado do empresário”, argumenta. Os investimentos traçados atualmente deverão potencializar ainda mais Lages em comparação às gigantes de Santa Catarina, como Itajaí, Florianópolis, Joinville, Jaraguá do Sul e Blumenau.
Uma Lages bem diferente
O primeiro ponto motivacional para essa visível mudança econômica, para melhor, sob o ponto de vista de Juliano Chiodelli, consiste na confiança, fator crucial para a tomada de decisão de um empreendedor. “Quando apresentamos os números atraentes dos empreendedores locais aos novos investidores, comprovando que vale a pena apostar em Lages, passamos credibilidade. Nesses últimos anos, Lages foi agraciada com a maior leva de investimentos locais. O momento de crise para alguns serve como lamento e para outros, para aproveitar e arriscar, reorganizando metas e para que, quando a crise passar, a empresa esteja num compasso maior que a concorrência”, pondera.
A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) e a JBS lideram o ranking de recolhimento de ICMS e ilustram o rol de exemplos de quem acredita na cidade. Enquanto isso, o Parque Órion, a ser inaugurado no dia 24, às 10h, deverá provocar um grande giro no horizonte econômico. “Devemos acreditar nos negócios locais. As pessoas que contribuem para o desenvolvimento e geram emprego estão em primeiro lugar. A prefeitura não é apenas um arrecadador de impostos, mas um incentivador para que boas notícias aconteçam”, sublinha.
O voo que significa mais do que parece
O secretário Juliano Chiodelli explica que o início da operação de voos comerciais em 28 de junho, pela Azul Linhas Aéreas, no aeroporto federal Antônio Correia Pinto de Macedo, ultrapassa os conceitos de um simples transporte com agilidade. A iniciativa traçará um norte singular, favorecendo negócios ímpares. Um dos tópicos relevantes serão as visitas que Lages receberá por parte de empreendedores para análise de campo.
Segundo Juliano, em verificação às vendas de passagens, o número de pessoas que se deslocarão a Lages é bem maior, uma diferença de 30%. “Já temos empresas que sinalizaram seu desejo de instalação em virtude do começo dos voos. Antes Lages era vista simplesmente como uma cidade central em Santa Catarina e a partir de agora estará conectada ao mundo inteiro, com mais de cem destinos através do aeroporto de Viracopos, em Campinas”, ressalta.
Qualificação da população
O planejamento de Lages compõe-se de muitos olhares e perspectivas. Empresas e faculdades a serem instaladas aumentarão o nível de qualificação de formação escolar e de graduação. Corpos técnicos, gerencial, de direção e gestão de pessoas terão chance de ser contratados em Lages e região. “A prefeitura tem trabalhado ativamente para que isso aconteça e as pessoas estejam melhor aperfeiçoadas. Temos três universidades em Lages, além do Ifsc (Instituto Federal de Santa Catarina) e atuamos em favor do pensamento de que a busca de conhecimentos seja uma rotina”, finaliza.