População cobra melhorias na condição das estradas do interior


Categoria Política
Publicado em 07/03/2017




A população do interior apresentou suas reivindicações na audiência pública da Câmara de Lages que aconteceu na noite desta quinta-feira (2). A situação precária das estradas rurais compromete o escoamento da população e o acesso das pessoas a serviços básicos como o ensino e a saúde. Proposta pelo vereador Lucas Neves (PP), a sessão teve grande participação dos moradores do interior de Lages.


O secretário municipal da Agricultura, Osvaldo Uncini, prometeu avanços neste quesito e colocou a pasta à disposição para ajudar o homem do campo a se manter no campo, gerando emprego, renda e alimentos para todos. Também assegurou que a administração vai efetivar o projeto Porteira Adentro, que dará condições para que as famílias possam se locomover até as estradas municipais.


Confira como foram as manifestações de quem participou da audiência pública:


Lucas Neves (vereador):

As pessoas saíram de suas propriedades e vieram reivindicar um direito deles. São mais de 30 localidades e esta é uma oportunidade para expressarem sobre a situação das estradas do interior. A Lei Orgânica apregoa a boa manutenção das estradas do interior e o Plano de Desenvolvimento Rural. São mais de 2.500 pessoas que sobrevivem no interior do município, utilizando perto de 1.500 quilômetros de estradas. Somente em 2014, foram movimentados em R$ 119 milhões pelas estradas do interior. A agricultura representa um incremento importante da economia de Lages e para termos uma melhor produção são necessárias boas estradas para escoar este movimento e para garantir o direito de ir e vir das pessoas do interior. Enquanto Câmara de Vereadores é nossa missão apresentar este debate e buscar soluções.

Quero agradecer as pessoas que compareceram ao nosso chamamento e esta audiência já é válida pela promessa da efetivação do Porteira Adentro pelo secretário Osvaldo Uncini. O acesso às propriedades vai melhorar a condição de vida da população do interior. A população pode ter certeza que a Secretaria da Agricultura está em boas mãos. Todos os colegas da Câmara estão imbuídos por esta causa, por isso fico feliz, pelo empenho da Prefeitura, das polícias que efetuam a Patrulha Rural, que precisam de mais um veículo para fazer as rondas, porque o povo do campo sofre com os furtos, roubo de gado, da produção e dos bens que conseguiram acumular ao longo da vida devido ao trabalho.


Paulo Rafaeli, presidente da associação de moradores de Rancho de Tábuas:

Foi ajeitada a estrada no ano passado, mas já precisa ser melhorada. Nossa associação pretende fazer uma festa do colono, para mostrar nossa gastronomia e a cultura do interior. Que os órgãos públicos sejam sensíveis com o homem do campo, que é trabalhador e merece estradas em melhores condições.


Adilson Ribeiro, presidente da comunidade rural de Três Árvores:

A estrada está precária, temos 900 toneladas de morango que se não tiver ajeitada a estrada, não conseguimos tirar de lá.


Vilmar Souza da Silva, presidente da associação do Rio do Vau:

Nós temos mais de mil toneladas de morango e estamos sem acesso. Então pedimos para olhar pelas estradas e também para as pranchas da ponte do Rio do Vau.


Iracema da Silva Jesus, da localidade de Caetano Verza:

Precisamos da estrada, não tem maneira de tirar nada, é um picadão. Estou faceira pela indicação do senhor Osvaldo Uncini, ele também trabalha com agricultura e entende nossa necessidade. Confio em vocês. Se de nós trazermos de lá uma beterraba, um milho verde, estamos ajudando a cidade.


Nivalda de Jesus Santos, de Caetano Verza:

Mesmo problema, é a estrada e a ponte, que sem elas não conseguimos sair de lá.


Otília de Jesus, de Caetano Verza:

Não conseguimos entrar na comunidade, a ponte está quase caindo e é muito perigoso para as crianças que vão pra escola. Fizeram a estrada até a igreja, mas não fizeram para frente. Temos que ter a estrada para poder plantar, então precisamos ter esta estrada, até para uma doença, que se tiver não podemos sair nem pra comprar um remédio.


Isonir Raulino, o Alemão, presidente da associação de moradores de Macacos:

Comentei com o vereador, quando ele esteve tomando café lá na propriedade, sobre o Porteira Adentro. Não temos condições de alugar maquinário. Cantoneiros são bons, mas não tem material para trabalhar melhor. Se tiver uma caçambada de cascalho, um conserveiro com uma pá e um carrinho de mão consegue ajeitar, seja num buraco, num bueiro para não atolar.


Élvio da Silva, bairro Centenário:

Temos que dar o muito obrigado ao homem do campo, pelo leite, pelo arroz, pelo feijão, por tudo que faz pelo homem da cidade. Parabenizar ao vereador Lucas Neves pela proposição. A Secretaria de Agricultura está em boas mãos e peço que atenda com carinho ao pedido destes homens e mulheres de valor do campo.


Cleusa Muniz, vice-presidente da associação da localidade de Macacos:

Agradecer pela oportunidade de falar das estradas. Fazia mais de dez anos que a localidade não ganhava o cascalhamento da estrada. Conseguimos ganhar, mas foi muito ruim, com o barro encheu de buracos. A comunidade se uniu para reparar os buracos, mas já se encontra cheio de buracos de novo. A gente já sofre com a natureza, com o mau tempo, então pedimos que tenhamos pelo menos estradas que nos dê condições.


Ágata Lango, do bairro Coral:

Foi acadêmica de engenharia civil da Uniplac e o TCC dela foi sobre as estradas rurais de Lages. Gostaria de deixar meu trabalho para contribuir com o secretário Osvaldo Uncini sobre a condição de exploração das cascalheiras e se o material é bom ou não. Foram 12 cascalheiras analisadas na região de Macacos, Índios e da Coxilha Rica.


Carlos Alberto Arruda, do bairro Beatriz:

Máquina tem, vontade politica tem, mas agora é um trabalho de gestão da Prefeitura. Nós, da União das Associações de Moradores, também estaremos a disposição para ajudar.


Bruno Dalledone, da localidade de Índios:

Desde o ano passado mora em Lages e é gerente do Aterro Sanitário. Recebemos de 20 a 25 caminhões todos os dias, como atendemos Lages e os distritos rurais, e tem muita atividade econômica por perto, então há o interesse da comunidade. Uma parceria com o município poderia contribuir nesta iniciativa. Da empresa e o poder público.



Roberto de Oliveira Ribeiro, de Morrinhos:

A gente se sente honrado com esta ocasião. Quero fazer um apelo ao secretário. Olhar com carinho até o último morador da localidade, pois estes sempre ficam para trás. Precisamos usar o trator para se locomover, porque caminhão não passa na estrada. Temos que ir até o Painel para ir para Lages. Vamos ver se agora é a bola da vez. Temos que se unir porque a união faz a força.


Alfeu Schlischting Filho, da Coxilha Rica:

Temos plena convicção que as pessoas que estão aqui vão fazer algo por nós. Moro há 50 anos no campo, mas pela primeira vez temos esta oportunidade. As pessoas querendo, mesmo sem ter as ferramentas necessárias, elas fazem. Precisamos de pessoas que sabem fazer, porque receita qualquer um dá. Todos sabem que as estradas do interior estão péssimas. Mas tenho orgulho de ver a presidente neste lugar, que ajudou a implantar a escola da Coxilha Rica. Foi uma ideia iluminada do vereador Lucas, que cederam esta Casa que é do Povo e que faz as leis.

Temos que apoiar estas pessoas. A maior beleza do interior é o homem do campo, que cuida e conserva o lugar. Mas tem pessoas que moram nas fazendas que saqueiam as fazendas. Precisamos de segurança no campo, senão vocês vão ver o resultado. Vocês tem que ajudar quem produz. Precisamos de respeito, pois não há amor nem dinamismo sem respeito.


Arnaldo Felipe Souza, da localidade de Morrinhos:

Lages é a maior cidade de extensão territorial do estado, temos um grande potencial, mas que não é mais explorado porque não tem acesso. Tanto na economia, no escoamento da produção, na oportunidade das crianças estudarem, precisamos explorar este potencial para que tenhamos geração de renda e emprego.


Adilson, da localidade de Mangueirão:

Foi feito o cascalhamento há seis anos, mas não foi feita manutenção e estamos sem estrada para sair. A produção está ficando precária. Também nunca tinha presenciado uma audiência pública para ouvir o homem do campo, que está abandonando o campo e vindo pra cidade por falta de segurança e estrutura.


Janete Córdova, localidade de Santa Catarina de Pedras Brancas e dirige uma escola em Índios:

Escutamos todos os dias na escola que os filhos não vão porque os ônibus não chegam às suas localidades. Alunos fazem 4 km, saem de casa às 4, 5 da manhã, para chegar às 8 da manhã nas escolas. A valorização do homem do campo e do filho do homem do campo precisa ser repensada. Nas localidades de Zeca Lemos e Campinas, também no Caetano Verza, o ônibus escolar não chega por causa da condição da ponte. O motorista disse que ia pedir demissão, pois fala que é o mesmo que andar com um revolver carregado por conta do perigo, mas que têm 25 crianças sob a sua responsabilidade.


Darci Firmino, de Macacos, onde mora há 45 anos:

A estrada é o pior problema do produtor, mas acredito que o senhor Osvaldo vai solucionar este problema para nós. Também para ajudar na produção. Temos que fazer um silo e entregar um trator para nós podermos trabalhar.



Eda Maria, da localidade de Raposo:

Temos muitas crianças com dificuldade de acesso à escola. Deixo uma pergunta e uma sugestão: quem vai prestar assistência às estradas daqui para frente pelo fechamento da Acro; e se a verba arrecada pelo ITR da localidade pode ser aplicada integralmente nas estradas do interior.


Comandante da Polícia Militar, coronel Alfredo Nogueira:

É um assunto relevante para tantas pessoas que geram renda e emprego para o município. Há dois anos desenvolvemos o serviço de Patrulha Rural, que vem auxiliar na prevenção aos crimes. Este serviço acaba não repercutindo. Só no ano passado foram mais de 22 mil quilômetros rodados no ano passado pelo Patrulha Rural. Comunidades que identificamos junto à Polícia Ambiental na ocorrência de furtos no interior. Fazemos o melhor com as condições que temos.

Atendemos no ano passado, 35 eventos no interior do município, que tem um significado ímpar para as comunidades. Precisamos dos registros, da informação, porque sem isso fica mais dificultoso encaminhar os serviços necessários. A onda de crimes do interior nos preocupa. Estamos aqui para prestar contas, mas precisamos da intervenção de vários atores para sanar esta demanda.


Comandante da Polícia Ambiental, major Adair Pimentel:

Ano passado mapeamos os principais pontos de criminalidade do interior, graças aos boletins de ocorrência efetuados. Identificamos quatro áreas de maior ocorrência. Estamos em tratativas avançadas para aprimorar este serviço e vamos buscar apoio das instituições e interessados no tema. Também sobre as estradas, mapeamos todas as cascalheiras usadas pelos municípios da Amures, e fizemos um Termo de Ajuste de Conduta que deu prazo para as prefeituras regularizarem as cascalheiras. Sabemos da importância deste material para manter a estrutura. Através do laboratório de georreferenciamento vamos aprimorar cada vez mais este serviço.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lages, Carlos Luiz Peron:

Tínhamos uma grande necessidade que os nossos cidadãos do interior pudessem se manifestar, expressar seu sentimento. A Câmara de Vereadores precisa dar condições para que esta população permaneça no campo. São muitas dificuldades, seja para transportar os mantimentos, para acessar a escola e a saúde, também a falta da energia elétrica prejudica a produção do homem do campo. Infelizmente o poder público não tem dado as condições para o homem se manter no campo, para os filhos querer morar no campo. Espero que o secretário contrate urgentemente pessoas para conservar as estradas. Chega o inverno e as chuvas e as pessoas não vão ter condições de deixar suas casas.

Também temos cerca de 35 famílias entregando a merenda escolar, o poder público não está dando o suporte necessário. As famílias entregam a merenda e precisam esperar três, quatro meses para receber pelo produto. Temos lutado muito por isso, mas não estamos encontrando uma solução. Então pedimos o apoio dos vereadores para este reconhecimento e valorização. Precisamos fortalecer esta situação e trazer o interior mais para perto, para que o município seja o grande produtor de alimentos que nós queremos.


André Ricardo Hoeschel, vice-presidente da Coopercro:

Sabemos da necessidade de termos boas estradas para manter o homem no campo. Todas as colocações foram muito pertinentes. A manutenção das estradas precisa passar por critérios técnicos. A cooperativa tem fornecido maquinário abaixo do preço do mercado especialmente para a porteira adentro.


Presidente do Sindicato Rural de Lages, Marcio Neves Pamplona:

Temos que começar a fazer nossa lição de casa e lidar aqui com nossos problemas. Pude conhecer o interior de outros países e não andei fora do asfalto em nenhum destes locais. A situação que vivemos em nosso país é uma atraso que os estrangeiros não acreditam. Temos que avançar muito ainda. Quando se fala do asfalto da Coxilha Rica, é um recurso de financiamento do Banco Andino, que só pode ser usado para aumentar o potencial agrícola para o mundo. É exclusivo para esta estrada e não podemos perder a oportunidade de usar este recurso.

Todos nós que produzimos estamos produzindo alimentos para alguém. Para o médico, para o juiz, para os vereadores, deputados, senadores... todos dependem do produtor rural. Por menor que ele seja, ele está trabalhando para todos. O sucesso deste produtor é a felicidade de todos. O que resolve o problema das estradas é máquina, enxada, picareta e boa vontade e vamos buscar isso do município. É uma indústria que gera emprego, mas precisa de estrada, desta estrutura fundamental.

Sobre o ITR, quando foi municipalizado, solicitamos ao prefeito Elizeu que o recurso fosse destinado às estradas. Sabemos que a conta é muito maior, mas se este recurso for destinado vai ser muito melhor. O ex-prefeito argumentou que precisava de uma lei que fosse feito pelos vereadores, então deixo este desafio para a Câmara, para que este recurso possa ser usado nas estradas.


Secretário municipal da Agricultura, Osvaldo Uncini

Como produtor rural, fico feliz com a presença de todos vocês. Estrada é o que o produtor quer e é o mínimo que o poder público pode fazer. Nos anos de 69, 70, não tínhamos estrada em Santa Terezinha. Na época, conseguimos fazer com que o prefeito Paulo Duarte fizesse estradas, o que desenvolveu a região.

Precisamos da ajuda da Polícia Ambiental em relação às cascalheiras, precisamos da ajuda de todos. Estamos fazendo um trabalho de tapa-buracos porque as pessoas precisam se locomover, mas sabemos que sem cascalho não adianta. Queremos fazer convênios com a iniciativa privada para fazer com que isso aconteça. Estamos perto da colheita da safra então precisamos agir. O Marco Regulatório proibiu os convênios, então estamos fazendo um trabalho com a Procuradoria do Município para que possamos nos adequar e achar uma solução, para fazer com que a Acro retorne.

Vamos chamar os concursados, mas a pessoa tem que entender que teremos um acampamento para que a pessoa permaneça lá quatro, cinco dias, depois volte, porque são muitas estradas, não dá pra ir e voltar no mesmo dia. Tem a lei que autoriza o Poder Público a fazer o Porteira Adentro e nós vamos fazer. Até 90% a Prefeitura pode financiar, estes 10% tenho certeza que o produtor também vai ajudar, só peço um pouco de paciência. Temos o apoio total do prefeito, temos este respaldo e autonomia para fazer e o governador se comprometeu a nos dar o concurso.

A estrada da Coxilha Rica só não aconteceu porque teve uma denúncia no Iphan de que iríamos mexer no corredor das taipas, mas isso não vai acontecer. O Iphan se comprometeu a liberar em 15 dias e aí podemos iniciar as obras. Temos lá um potencial de 25 a 30 mil hectares para área cultivada. 1 milhão e 800 mil sacas, só na Coxilha Rica. Vou trabalhar dia e noite para ajudar quem mora no interior. Vou montar uma equipe boa, sem hora para trabalhar.

Fonte: Câmara de Lages



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