No Brasil, o empreendedorismo feminino vem se tornando cada vez mais expressivo. Atualmente, 9,3 milhões de empreendimentos são liderados por mulheres. Em Santa Catarina são cerca de 327 mil, aponta o painel Data Sebrae. A maioria delas se torna empreendedora por alguma necessidade. Assim como no cenário nacional, lageanas resolveram ter o próprio negócio. A chance de prosperar financeiramente e, ao mesmo tempo, poder acompanhar o crescimento dos filhos faz com que o número de mulheres empreendedoras se torne cada vez maior.
Uma pesquisa feita pela Rede Mulher Empreendedora (RME), plataforma de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil, diz que 75% das mulheres empreendedoras criaram seus próprios negócios depois da maternidade. Gerente regional do Sebrae na Serra Catarinense, Altenir Agostini reforça que para empreender é preciso inovar, ser criativo e produtivo. "Essas são características que as mulheres possuem e se revelam ainda mais na rotina da maternidade. Muitas descobrem com essas atitudes empreendedoras seu potencial para os negócios".
Formada em direito, Ketrin Ramos orgulha-se em dizer que sua profissão é doceira. Quando adolescente, o objetivo profissional era passar em concurso público. E ela conseguiu. Foi aprovada em dois. Mas com a chegada da filha, hoje com 11 anos, e que nasceu com uma doença raríssima, decidiu largar a estabilidade e ter um negócio próprio. Especialista em doces finos, ela conta que não foi uma decisão fácil, mas acertada. "Não me arrependo. Ser empreendedora é libertador. Me sinto muito feliz. O mais importante foi poder ter mais tempo para ficar com a minha filha. Tudo é por ela".
Ser empreendedora requer dedicação. Ketrin busca aprimoramento em cursos espalhados pelo Brasil. Além dos doces finos, confecciona bolos, dá cursos e, agora, está lançando produtos com a sua marca, como as canequinhas de esmalte. Ela também está mais atenta às questões financeiras e de marketing, por exemplo. "Meu diferencial é o brilho nos olhos. Entregar produtos de qualidade é uma obrigação. Faço tudo com muito amor e dedicação".
Necessidade sentida na pele
Literalmente, a empresa da Karina Heidrich, em sociedade com irmã, nasceu depois que a sobrinha teve alergia e não havia em Lages empreendimentos que vendessem produtos específicos para quem busca alimentação saudável e outros produtos naturais para bebês, como de higiene e limpeza. Aliada a isso estava a insatisfação profissional dela. Há 18 anos no mesmo trabalho, cuidando da parte administrativa e financeira, Karina não estava contente.
Faz dois anos que as irmãs começaram as atividades. Primeiro, as vendas eram só e-commerce. Desde setembro do ano passado atendem também na loja física. "O cuidado com as nossas clientes continua. Somos nós mesmas que entregamos os produtos em casa. Existe essa intimidade e segurança". O mix de produtos também aumentou. A maior parte deles é importado. "Estamos muito felizes em sermos empreendedoras. Além de realizar um desejo nosso, estamos ajudando mães que optam por produtos ecológicos, de boa qualidade e com procedência. Um dos nossos cuidados é saber se na produção não foi utilizada mão de obra escrava, por exemplo".
Trabalho em casa e de olho no crescimento da filha
Na mesma época que a Karina que abriu o negócio, a Leila Sasso Wiggers se tornou mãe. "Quando minha filha chegou, não pensei duas vezes e deixei o meu emprego". Optou sair do trabalho onde estava fazia quatro anos. "Foi uma decisão difícil, mas eu precisava acompanhar o crescimento da minha bebê e ter meus horários. Mas como a maternidade é desafiadora, transformadora e maravilhosa, resolvi empreender, mesmo nunca tendo sido vendedora antes", diz.
A timidez a fez iniciar vendendo joias pela internet. Ela está se formalizando e quer, no futuro, ter uma ambiente para atender as clientes. "Na minha página, abro espaço para outras mães empreendedoras divulgarem seu negócio. Todas têm minha admiração e apoio. Não podemos deixar a peteca cair. E é por meio desse amor infinito que nos redescobrimos e reinventamos todos os dias".